terça-feira, 28 de agosto de 2012

Igreja lembra os 13 anos de morte de dom Helder Câmara



13anosemdomhelderHá 13 anos, a Igreja Católica perdia um de seus maiores líderes, o arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Helder Câmara. Mais que uma liderança religiosa, dom Helder era referência na luta pela paz e pela justiça social; seus exemplos e palavras foram perpetuados até hoje. 


Em homenagem à sua memória, hoje, 27 de agosto, dom Helder terá seus restos mortais trasladados para uma capela especialmente projetada para recebê-los na Igreja da Sé, em Olinda. Até então, os restos mortais de dom Helder estavam guardados em um túmulo provisório em frente ao altar da Igreja da Sé.

Junto deles, serão colocados também os despojos do padre Antônio Henrique Pereira Neto e de dom José Lamartine, ambos amigos do arcebispo. Padre Antônio Henrique foi assessor da Pastoral da Juventude durante o pastoreio de dom Helder e dom José Lamartine, bispo auxiliar. A cerimônia será presidida às 9h pelo arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido.

O site ‘Pernambuco’ informa que dom José Lamartine está enterrado em uma espécie de cemitério, localizado atrás da Igreja da Sé. Já o padre Antônio Henrique está sepultado no cemitério da Várzea, na Zona Oeste do Recife.

O trabalho de dom Hélder é conhecido em todo o mundo. Ele foi arcebispo de Olinda e Recife e também desempenhou funções em organizações não-governamentais, movimentos estudantis e operários, ligas comunitárias contra a fome e a miséria. Sofreu retaliações e perseguições por parte das autoridades do regime militar brasileiro.

A Igreja das Fronteiras, bairro da Boa Vista, ficou cheia de fiéis e emoção na manhã deste domingo, 26. Às 11h, o padre Sebastião Sá, celebrou missa em homenagem a dom Helder Câmara, dando prosseguimento à programação que decorre desde a última sexta-feira, para lembrar o aniversário da morte do arcebispo. O local foi escolhido porque lá dom Helder viveu os seus últimos dias, até falecer, em 27 de agosto de 1999.

Padre Antônio Henrique foi torturado e assassinado em 1969, durante o regime militar. O crime está impune até hoje, mas ganhou prioridade nas investigações da Comissão Estadual da Memória e Verdade. O sacerdote é tido como "Mártir da Juventude da Arquidiocese de Olinda e Recife".


terça-feira, 21 de agosto de 2012

A trajetória de Dom Pedro Casaldáliga será filme

2012-08-20 Rádio Vaticana

São Félix do Araguaia (RV) — A vida de Dom Pedro Casaldáliga, o bispo espanhol radicado desde 1968 em São Félix do Araguaia, está sendo filmada em uma coprodução hispano-brasileira para a televisão.
"Nesta terra é fácil nascer e morrer, o difícil é viver", disse Dom Casaldáliga sobre a região em que vive há 44 anos, quando chegou a São Félix (no estado do Mato Grosso) e encontrou um mundo de tensões sociais, onde os grandes proprietários de terra se impõem sobre os pobres, trabalhadores rurais e indígenas.
Aos 84 anos e ainda em São Félix, continua comprometido com a luta: “Nós não nos conformamos com este sistema que faz da humanidade um negócio”, afirmou à AFP, com a voz enfraquecida, mas com uma clareza intacta.
Este sacerdote catalão que nunca mais voltou à Espanha enfrentou os grandes proprietários de terra, denunciando o latifúndio e saindo em defesa dos trabalhadores rurais, indígenas e de uma Igreja mais comprometida. Viveu sob a ameaça de morte de pistoleiros e foi fundador da Pastoral da Terra e do Conselho Indígena, fundamentais na luta pela reforma agrária e pelos direitos dos índios.
"A vida de Dom Pedro Casaldáliga é uma história de luta e conquista da terra no Brasil e do compromisso de um homem que deu uma resposta extrema a uma situação extrema, entregando a sua vida para corrigir essa situação. É uma história universal e é isso que dá força para o filme", contou à AFP Francesco Escribano, escritor, produtor e jornalista catalão, autor de "Descalço sobre a terra vermelha", que é o título do filme.
Uma equipe de 100 pessoas está em São Félix do Araguaia para as filmagens, que devem durar até o início de setembro. A cidade, a 24 horas de ônibus de Brasília, tem agora cerca de 10.000 habitantes, mas ainda nenhuma estrada pavimentada.
O ator catalão Eduardo Fernandez interpreta o bispo no que será uma minissérie de dois episódios que conta com o roteirista premiado de "Central do Brasil", Marcos Bernstein, e com a participação da Televisão Espanhola, da catalã TV3 e da TV Brasil.
Sobre o bispo catalão, o teólogo brasileiro Frei Betto disse: "Há no Brasil um santo e herói, Pedro Casaldáliga. Santo por sua fidelidade radical ao evangelho, herói pelos riscos de vida enfrentados e pelas adversidades sofridas".
"Não façam um filme sobre mim, mas que seja um filme sobre as verdadeiras causas desta luta: a vida, a terra, a liberdade e a dignidade", pediu dom Casaldáliga ao seu amigo Escribano quando soube que ele realizaria o filme.
Fonte:  http://www.news.va/pt/news/a-trajetoria-de-dom-pedro-casaldaliga-sera-filme   

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Vocação da Vida Consagrada


Desde os primórdios da Igreja existiram homens e mulheres que se propuseram, pela prática dos conselhos evangélicos, seguir a Cristo com maior liberdade e imitá-lo mais de perto, e levaram, cada qual a seu modo, uma vida consagrada a Deus.  Podemos contemplar esse caminho de oferta radical desde o início com o testemunho dos mártires, até os tempos de hoje com o surgimento das novas comunidades.


Quando a Igreja fala de Vida Consagrada, está falando de uma vocação, que tem várias modalidades de vida dentro da Igreja. Seguem essa vocação os Monges e Monjas, os Religiosos e Religiosas, das Ordens, Congregações e Institutos Religiosos. Além desses, existem os membros dos Institutos Seculares, bem como os consagrados e as consagradas de assim chamadas “Novas Comunidades”, muitas das quais nasceram dentro de Movimentos eclesiais relativamente recentes ou formam seu núcleo central. Há também a Ordem das Virgens consagradas, restaurada por Paulo VI a partir do Concílio Vaticano II, cujos membros não constituem comunidade de vida, mas vivem no mundo, tendo consagrado sua virgindade a Cristo para o testemunho e o serviço na sua respectiva diocese.


Neste Mês Vocacional, divulguemos também esta vocação de Vida Consagrada e rezemos por ela, porque constitui um grande tesouro na Igreja e é uma excepcional força e serviço nas atividades da pastoral direta nas dioceses e paróquias, como também no setor de escolas, colégios e universidades, no setor dos hospitais e demais serviços de saúde, no setor de obras assistenciais, só para citar os mais conhecidos.


Cada forma de Vida Consagrada tem um carisma próprio, ou seja, seus fundadores decidiram – e depois a Igreja os aprovou – viver um ou mais aspectos do Evangelho de Jesus Cristo numa forma radical e ampla e ainda professar os conselhos evangélicos da pobreza, obediência e castidade como algo próprio e comum de todas as formas de Vida Consagrada. Assim, os fundadores lhes deram normalmente uma Regra de Vida e Constituições ou apenas Constituições, que lhes dão organização e normas de vida.


Quem se consagra, escolhe ser diferente. Pela consagração, perde-se dia a dia a velha vida e se ganha uma nova, que busca configurar-se à vida de Cristo. Para tal, tantas perdas pessoais são necessárias para que a vida assemelhada a Cristo possa ir nascendo em nós. Contudo, pequenas são as renúncias diante da grandeza da oferta. Sem essa busca diária e constante pela conformação a Cristo, a vida consagrada perde seu sentido. Cristo é o fundamento da vida consagrada. Se não se compreende a verdadeira motivação, não existe fidelidade a Cristo nem à consagração professada.


O Concílio Vaticano II, ao tratar da Vida Consagrada, diz: “O estado (de vida Consagrada) constituído pelos conselhos evangélicos, embora não pertença à estrutura hierárquica da Igreja, está contudo firmemente relacionado com sua vida e santidade” (LG 44). “Os conselhos evangélicos da castidade consagrada a Deus, da pobreza e da obediência se baseiam nas palavras e nos exemplos do Senhor. São recomendados pelos Apóstolos, Santos e Padres e pelos mestres e pastores da Igreja. Constituem um dom divino que a Igreja recebeu do seu Senhor e por graça dele sempre conserva. A própria autoridade da Igreja, guiada pelo Espírito Santo, cuidou de interpretar os conselhos evangélicos, regulamentar-lhes a prática e estabelecer formas estáveis de vida” (LG 43).


A Vida Consagrada é sobretudo um sinal. Diz o Concílio: “A profissão dos conselhos evangélicos se apresenta como um sinal que pode e deve atrair eficazmente todos os membros da Igreja para o cumprimento dedicado dos deveres impostos pela vocação cristã. Como, porém, o Povo de Deus não possui aqui (no mundo) morada permanente, mas busca a futura, o estado religioso (de Vida Consagrada), pelo fato de deixar seus membros mais desimpedidos dos cuidados terrenos, ora manifesta já aqui neste mundo a todos os fiéis a presença dos bens celestes, ora dá testemunho da nova e eterna vida conquistada pela redenção de Cristo, ora prenuncia a ressurreição futura e a glória do Reino celeste” (LG 44). Assim, a Vida Consagrada é sinal das coisas de Deus, da nossa ressurreição futura e da glória do Reino celeste, pois faz destas realidades sua vida já aqui no mundo.


João Paulo II diz: “A primeira tarefa da Vida Consagrada é tornar visíveis as maravilhas que Deus realiza na frágil humanidade das pessoas chamadas. Mais do que com as palavras, elas testemunham essas maravilhas com a linguagem eloquente de uma existência transfigurada, capaz de suscitar a admiração do mundo. A essa admiração dos homens respondem com o anúncio dos prodígios da graça que o Senhor realiza naqueles que ama” (VC 20). “Deste modo, a Vida Consagrada torna-se um dos rastos concretos que a Trindade deixa na história, para que os homens possam sentir o encanto e a saudade da beleza divina”, diz o Papa (VC 20). Exemplos de pessoas consagradas são os brasileiros: Santa Paulina, Beato Frei Galvão e Beato José de Anchieta.

A Vida Consagrada torna seus membros testemunhas de Cristo no mundo, sobretudo pela prática da caridade, da solidariedade com os pobres e os excluídos e pela missionariedade. “Há que afirmar que a missionariedade está inscrita no coração mesmo de toda forma de Vida Consagrada”, afirma o Papa (VC 25).


Independente do tempo e de quais características apresenta cada forma de vida consagrada, é a profissão dos conselhos evangélicos em um estado de vida estável reconhecido pela Igreja que caracteriza a vida consagrada a Deus. A vida consagrada, celebrada durante essa terceira semana do mês vocacional, é um dom e uma escolha de Deus. Ninguém escolhe se consagrar por acaso ou para seu bel prazer; mas é o próprio Deus, em Sua infinita bondade e misericórdia, que nos ama, nos escolhe, nos chama e nos separa para sermos um com Ele por meio desta vocação. A vida consagrada nasce em Cristo e deve voltar-se para Ele. Assim, não nos consagramos para nós mesmos. Como dom e escolha de Deus, a vida consagrada precisa ser fecunda, transbordando em frutos e graças diante de Deus, da Igreja e do mundo.


Durante essa semana, rezemos pela fidelidade, constância e maturidade da vida consagrada. O consagrado não nasce pronto – é preciso uma busca diária, um novo Sim a cada dia para que quanto mais íntimo de Cristo, mais semelhante a Cristo seja cada consagrado.

Então, que o Mês Vocacional seja uma oportunidade feliz para fazer conhecer e amar esta vocação tão preciosa da Vida Consagrada!