sábado, 17 de novembro de 2012

A chegada do Reino de Deus e a aparição do Filho do Homem - Marcos 13,24-32


O "fim" orienta nosso presente


Estamos chegando ao final do ano litúrgico cristão. A Festa de Cristo Rei, que celebraremos o próximo domingo, coroa esse fim.

É por isso que a liturgia, em vista a preparação desta festa, nos oferece o evangelho de hoje com claras características apocalípticas.

Todo o capítulo 13 deste evangelho é chamado de "apocalipse de Marcos".Temos que levar em conta que Jesus vivia num ambiente marcado pela efervescência apocalíptica. Esperava-se o Messias, a intervenção de Deus na história, o fim do mundo, a era definitiva.

Também as comunidades primitivas vivem essa expectativa dos finais dos tempos, na espera da nova vinda do Senhor.

Mas Marcos ao empregar uma linguagem apocalíptica, não quer falar de coisas futuras, mas conduzir a comunidade cristã ao discernimento diante de fatos catastróficos com a destruição de Jerusalém e do Templo (ano 70d.C.) e ao compromisso cristão.


Em nosso tempo, também é comum escutar previsões sobre quando vai ser fim do mundo, a entrada no terceiro milênio parecia para muitos o início do fim. Vários acontecimentos dos últimos anos marcam para alguns esse final...

Nas notícias do día 18/09/2010 o filósofo esloveno Slavoi Zizek refere-se também ao apocalipse ecológico como "outro sinal desse fim dos tempos" como um aspecto que pode ser considerado cínico na nossa realidade.

No final do evangelho de hoje, Jesus nos adverte que o importante não é saber o dia e a hora, isso somente compete ao Pai, nem Jesus mesmo o sabe!! Então o que é importante saber ou levar em conta sobre o fim?

Dirigir nosso olhar para o fim, nos remete para o hoje, o presente de nossa história, porque o fim, a meta de toda a humanidade é a comunhão com Deus, com o Pai. Ele mesmo nos orienta para onde está sua atenção, sua paixão, seu coração latejando: a história humana, seus filhos e filhas, o cosmos...

Este caminho de volta ao Pai, que é nossa vida, não está extinto de dificuldades, sobretudo se queremos viver seriamente nossa fé. Onde encontramos força para continuar peregrinando?

A comunidade primitiva sofreu sérios problemas internos e externos. Marcos busca levar o olhar além deles: «Nesses dias, depois da tribulação, o sol vai ficar escuro, a lua não brilhará mais...". 

Esses sinais grandiosos, catástrofes cósmicas, são sinônimos, no Antigo Testamento, de que Deus age na história em favor dos seus. Já no livro do Apocalipse os acontecimentos cósmicos preanunciam a novidade que Deus vai criar.

Assim sendo, o evangelista está encorajando a sua comunidade a colocar sua esperança em Deus que não somente não os abandona, mais ainda está agindo na história, fazendo algo novo, vencendo os diferentes tipos de morte.

Essa esperança certa moveu os cristãos de todos os tempos a resistir nas perseguições e continuar na luta pela expansão do Reino.

O evangelista, inspirando-se no profeta Daniel, apresenta, a vinda do Filho do Homem, sobre nuvens, sinal da presença de Deus no Antigo Testamento, marcada pelo julgamento.

Paradoxalmente, o ator do julgamento é o próprio ser humano! Ele constrói no presente de sua história a eternidade que viverá!


Acreditar que o Senhor está presente na história e virá definitivamente no final dos tempos, leva os cristãos e cristãs a não baixar os braços, antes bem a se esforçar, imbuídos da graça de Deus, no serviço de Seu Projeto de Vida em abundância para todos e todas!

Qual é visão que eu tenho do fim dos tempos? Como estou construindo minha eternidade?


Com a parábola da figueira, Jesus quer ensinar a sua comunidade a aprender, distinguir e discernir os sinais da presença de Deus no mundo, na história.

É por meio deles que Deus vai conduzindo seu projeto e a própria história para um rumo novo.

Assim como não é tarefa da comunidade especular sobre o fim dos tempos, também não o é, ficar preso aos sinais, nem ignorá-los, mesmo antes de saber lê-los á luz da Palavra de Deus.

Nela se encontra o critério seguro para descobrir como e onde Deus atua e nos quer como comunidade agindo na história, respondendo aos diferentes apelos de nossos irmãos/ãs e de nossa mãe terra também!
Porque "o céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras não desaparecerão".

Referências
BARBAGLIO, Giuseppe, FABRIS, Rinaldo; MAGGIONI, Bruno. Os Evangelhos (I). São Paulo: Loyola, 1990.
KONINGS, Johan. Espírito e mensagem da liturgia dominical. Porto Alegre: Escola Superior de Teologia, 1981.

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